03 – Eu, Daniel Blake (I, Daniel Blake) – Inglaterra/França (2016)
Direção: Ken Loach
Um carpinteiro de 50 e poucos anos adoece e precisa do serviço de saúde pública. Ele se depara em seu caminho com uma mãe solteira cujas circunstâncias também a obrigam a procurar refúgio no estado.
Fazia tempo que eu não achava tão ruim um filme que, quase que de forma unânime, é considerado tão bom.
Mas, vamos lá. Achei o argumento e, sobretudo o discurso do filme, bastante frágil. Meio adolescente. É legal criticar o Estado, jogar luz sobre suas burocracias e deficiências do serviço público. Mas quando isso é feito desprezando a complexidade que envolve e/ou acarreta a própria ineficiência do Estado, corre-se o risco de o resultado ser algo caricato e superficial. Foi o que ocorreu no filme.
A ideia de “vamos só falar mal dos serviços público, tudo tem que dar errado para os personagens” acaba forçando um pouco a barra, tornando algumas situações previsíveis e outras “tá ok, já entendi, mas tem como ser mais profundo ou só vai ficar nesse denuncismo raso?”.
Só que nada se aprofunda, fica raso. E vamos combinar, nada mais caricato do que os acontecimentos envolvendo a personagem feminina, de Kattie.
E a direção de Ken Loach, que poderia salvar o enredo, não vingou. Para mim, ficou a sensação de uma direção preguiçosa. Mesmo sendo um diretor tão experiente, que já fez tanta coisa boa. Mas algumas sequencias que poderiam ter tido uma atenção maior, melhor trabalhadas, pareceu terem sido feitas com descaso. A última sequencia, por exemplo. Ela, inclusive, simboliza essa apatia da direção. Foi a última, importante, que poderia ter sido muito mais impactante se tivesse um texto melhor elaborado e uma duração que explorasse mais detalhes das cenas e tocasse no coração do espectador, infelizmente foi brusca, meio oca.
Enfim. Se mais ninguém enxergou a obra com esse olhar, posso até fazer o esforço de rever o filme e revisar minha percepção. Mas, a princípio, nado contra a corrente: achei o filme caricato, superficial e mal dirigido.
E quem quiser ver um filme europeu, que traz crítica aos serviços públicos, mas de uma forma muito mais realista, profunda e bem dirigida, sugiro A morte do Sr. Lazarescu.
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