69 – Antes que o mundo acabe (idem) – Brasil (2009)
Direção: Ana Luiza Azevedo
Roteiro: Ana Luiza Azevedo; Jorge Furtado; Paulo Halm; Giba Assis Brasil
Daniel é um adolescente que mora no interior gaúcho, junto com a irmã, a mãe Elaine e seu padrasto. Em meio a brigas, dúvidas e conflitos de uma adolescência do século XXI, Daniel se depara com mais um problema: o pai, que nunca havia dado sinal de vida, resolve lhe mandar uma carta. O homem mora na Tailândia e vai dar a Daniel uma nova visão sobre o mundo.
É sempre bom ver filmes gaúchos, sobretudo os da Casa de Cinema de Porto Alegre. Não sei por que, mas neles há sempre um quê existencialista, passada de uma forma simples, reconhecendo a existência nos pequenos detalhes e passagens da vida, tal como nos filmes de Woody Allen. Além disso, a simplicidade da produção é algo que cativa.
Filmes simples têm o seu charme. E Antes que o mundo acabe é um exemplo disso. É uma obra que acrescenta muito pouco para a linguagem cinematográfica e nem se perpetuará na sua história. É corriqueira, passageira, mas dura o tempo suficiente para produzir sensações e lembranças. Pois assim é a vida, repleta de pequenos momentos que, sabe-se lá por que, ficarão nas nossas memórias e rechearão nossas existências.
Por exemplo, Antes que o mundo acabe me fez lembrar de Houve uma vez dois verões. A mãe do Daniel me fez lembrar de Sanduíche. O professor me fez lembrar de Ângelo anda sumido. O pôster do Daniel, do Grêmio campeão do Mundo de 1983, colado na parede do seu quarto, me fez lembrar do pôster que eu tinha, colado na parede do meu quarto, do Grêmio campeão de Libertadores de 1995, cuja escalação, sem precisar do google, era: Danrlei; Arce, Luciano, Rivarola e Roger; Luís Carlos Goiano, Dinho, Arílson e Carlos Miguel; Paulo Nunes e Jardel. As letrinhas dos créditos finais me fizeram lembrar a orelha de Alice, de Jorge. O porre do Daniel me fez lembrar o porre que eu tive com a mesma idade dele, 15, quando eu terminei a prova, passei o resto da manhã toda bebendo na barraca da Cigana e, ao voltar para aula, não aguentei e vomitei o banheiro todo. Um amigo de minha irmã teve que vir me buscar. Minha mãe questionou por quê que eu bebi e não voltei para casa, em vez de ir para a escola. E a coordenadora pedagógica me obrigou a assistir o filme 28 Dias, cuja personagem era alcoólatra, mas que acabava vencendo a batalha contra o álcool.
Os apaixonados Pedro, Mim e Lucas percorrendo Porto Alegre me fizeram lembrar os apaixonados Tássia e eu, percorrendo Porto Alegre. Só nós dois, porque não somos poliândricos e nem moramos no norte da Índia. E, obviamente, as imagens de PoA me fizeram lembrar dos momentos em que eu e Tássia tivemos na pracinha que tem a estátua de Quintana e Drummond, na Casa de Cultura, na rua dos Andradas, do laranjinha, da Polar (provando que os métodos das coordenadoras pedagógicas nem sempre são eficazes), das flores de Bento Gonçalves, da rodoviária e do Umbu Hotel – que aparece por dois segundos em uma sequência do filme, aonde nós fizemos a pré-reserva, mas, advertidos pelo taxista, passamos direto dessa enrascada e nos hospedamos no Hotel Express.
Enfim, Antes que o mundo acabe me fez lembrar de tanta coisa. E se eu for destrinchar o que cada coisa, por sua vez, me lembra, eu passaria a vida inteira escrevendo.
Isso aí: as minhas lembranças fariam eu passar a vida inteira escrevendo. Deve ser mais ou menos sobre isso que o filme fala.
Minha nota: 7,5
IMDB: 7,1
MelhoresFilmes: –
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