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153 – Redenção (Redenção) – Brasil (1959)

Direção: Roberto Pires
Roteiro: Roberto Pires
Um homem misterioso é hospedado em uma casa onde moram dois amigos. Quando eles ficam sabendo de um louco que fugiu do hospício, passam a suspeitar de seu visitante. Primeiro filme baiano.
A Tarde, 11 de março de 1959:
“Depois de quase três anos aguardando o lançamento do primeiro longa-metragem baiano, a população quase quebra o cinema Guarani. As entradas do cinema foram alargadas para tentar conter o empurra-empurra da população. O primeiro longa-metragem bateu o recorde de bilheteria do Cine Guarani em apenas uma semana. O Guarani e o Tupi, desde a matinal de domingo, têm suas lotações esgotadas. O Sr. Francisco Pithon, proprietário dos dois cinemas, confessou à nossa reportagem que obterá a maior renda nas suas casas de espetáculos desde as suas inaugurações”.
Roberto Pires inventou a sua própria lente – o igluscope – e com ela o primeiro longa-metragem baiano. Um filme modesto, sem a “baianidade nagô” marcante nas representações cinematográficas do Estado, como em Barravento, O Pagador de Promessas, Ó Paí Ó, Bahia de Todos os Santos e até A Grande Feira, que o próprio Roberto Pires faria anos depois. Sem essa identidade, Redenção se pauta no clássico cinema estadunidense, com um drama policial, contendo suspense, assassinatos, mocinhos e trilha sonora sombria.
1959! Enquanto o mundo assistia Viagem ao Centro da Terra, Quanto mais quente melhor, Os Incompreendidos, Intriga Internacional e Bem-Hur, os baianos vestiam seu black-tie e lotavam o Cine Guarani. Como bem disse o locutor da época: “constituiu-se em um dos grandes acontecimentos da cidade de Salvador, o lançamento do primeiro filme de longa-metragem baiano: Redenção. Ao Cine Teatro Guarani, compareceram todos os artistas participantes da película, o prefeito dr. Heitor Dias e o ex-prefeito Sr. Gustavo Fonseca. O então governador, Antônio Balbino, também foi ver o lançamento do primeiro filme baiano. Foi inaugurado no Cine Guarani uma placa aludindo ao fato que marca o início da indústria cinematográfica na Bahia”. Trecho da avant-prèmiere pode ser visto no curta O Guarani, entre os instantes 3:40 a 4:18.

A partir daí, o cinema baiano não teve tanto o que reclamar. O público foi presenteado por grandes filmes e, sobretudo, por um debate político sobre a tão sonhada indústria cinematográfica e o seu papel social. Tivemos Glauber e o Cinema Novo, depois o Cinema Marginal e diversos outros com o seu próprio cinema. A Bahia acabou indo para o mundo e o mundo indo um pouco à Bahia.
No entanto, nem tudo são flores. Hoje, final de junho de 2012, a Bahia tem apenas um filme em cartaz: O Homem que não dormia, em um horário péssimo e em uma sala que não é lá essas coisas. Nas maiores salas de cinema (aqueles que realmente são freqüentadas), nenhum dos 10 filmes exibidos são baianos. Somente um é brasileiro (uma comédia global) e o restante são estadunidenses: comédias românticas e filmes infantis, com apenas uma exceção.
Na contramão do público, a produção continua sobrevivendo aos trancos e barrancos. Além de inúmeros curtas, impulsionados por dezenas de festivais e, sobretudo, pela vontade de seus realizadores, a Bahia ainda produz bons filmes. Com exceção de Capitães da Areia e Trampolim do Forte – filmes muito bem produzidos, mas fracos (Caetano discorda) – recentemente ainda tivemos Eu Me Lembro (Edgard Navarro), Pau Brasil (Fernando Belens), Antônio Conselheiro – o Taumaturgo dos Sertões (Walter Lima), Cidade Baixae Quincas (Sérgio Machado), O Jardim das Folhas Sagradas (Pola Ribeiro), além dos que eu ainda não vi Esses Moços (José Araripe Jr.), Cascalho (Tuna Espinheira), Filhos de João (Henrique Dantas) e  O Homem que não dormia (Edgard Navarro) e dos que eu não me lembro no momento.
Mas por que eu estou falando disso tudo, mesmo?
Ah, claro. Só estou falando disso tudo porque em 1959 Roberto Pires lançou Redenção.
Algumas fontes e textos interessantes:
Redenção – 50 Anos (André Setaro)
Cinema na Bahia, memórias da cidade de Salvador (Maria do Socorro Carvalho / Tabuleiro das Letras)
2×50 anos de cinema na Bahia (Maria do Socorro Carvalho)
O Guarani (Cláudio Marques e Marília Hughes)
Ainda cá (Caetano Veloso)

Minha Nota: 7,2
IMDB: 8,9
ePipoca: –
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