238 – Santo Forte (idem) – Brasil (1997)

Direção: Eduardo Coutinho

Roteiro: Eduardo Coutinho

Filmado durante a passagem do Papa pelo Rio de Janeiro, Coutinho e sua equipe percorrem a Vila Parque da Cidade assistem à missa que o Papa está celebrando no Aterro do Flamengo. Dois meses depois, a equipe volta ao mesmo lugar para descobrir como seus moradores vivem a experiência religiosa. Católicos, umbandistas ou evangélicos, todos eles têm em comum a crença numa comunicação direta como o sobrenatural por meio da intervenção de santos, orixás, guias ou do Espírito Santo.

No melhor estilo “Eduardo Coutinho” de se fazer documentário, o cineasta mergulha em algo que sempre transitou, de alguma forma, em seus filmes: a religião.

Alguns depoimentos são interessantíssimos, seja pela informação, pela fantasia, pela contradição ou até mesmo pela crença.

E, de todas as falas foi possível concluir duas coisas.

A primeira é que quase todos do filme se declaram “católico, apostólico, romano”. O indivíduo pode ter a maior mistureba em sua realigiosidade, mas ainda assim tem o respeito pelo catolicismo.

A segunda é que todos acreditam e se relacionam com forças espíritas. Os da Universal acreditam em Exús e Pomba-Gira, os católicos ou acreditam em guias espirituais (preto véio ou encarnações passadas), ou crêem em espíritos maldosos, orquestrados pelo Diabo. Os kardecistas e umbandistas, naturalmente, também se relacionam com espíritos. Mas o mais interessante é a única entrevistada que se declarou atéia; apesar disso, ela já viu e acredita em Orixás. Tal fenômeno mostra o quanto as pessoas conseguem distinguir a espiritualidade da religião, ou misturá-las.

Mas, coitada mesmo é da pobre da Pomba-Gira, de divórcio a dor de cabeça, todo mundo põe a culpa nela!

Santo Forte é mais uma deliciosa obra de Coutinho, que nos ajuda a nos conhecermos um pouco mais.