54 – Justiça (idem) – Brasil (2004)
Direção: Maria Augusta Ramos
O cotidiano de um Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, incluindo as pessoas que ali trabalham diariamente, como promotores, defensores públicos e juízes, e ainda pessoas que estão apenas de passagem, como os réus.
Muito teatral, para algo que poderia ser mais cru. Mas, ainda assim, representativo do que significa nossa Justiça: um sistema de castas, um espaço de privilégio que, obviamente, reproduz uma série de injustiças. Como não lembrar do desembargador que inocenta policiais envolvidos numa chacina que matou 111 presos, mas manda prender um homem que roubou um salame. Como não lembrar da juíza que deixou uma garota numa cela com diversos presos, sendo estuprada e violentada e hoje, como punição, está afastada, no conforto do lar, recebendo o salário em dia. Como não lembrar do ministro do STF, partidarizado, comparsa de um banqueiro ladrão, com tanto poder nas mãos. Como não lembrar que temos uma das maiores populações carcerárias do mundo, boa parte sem julgamento, enquanto Eduardo Cunha segue solto e seus comparsas no poder. O filme não aborda nada disso, mas revela papeis caricatos, como a juíza arrogante e o ladrão pé-de-chinelo. E isso diz muito do que é nossa sociedade e sobre as castas que ainda existem. Diz muito sobre a utopia de se fazer Justiça num país como o Brasil.
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