38 – O grande ditador (The great dictator) – Estados Unidos (1940)
Direção: Charles Chaplin
Chaplin faz dois personagens: Adenoyd Hynkel, um ditador alemão muito parecido com Hitler; e um barbeiro judeu quase sósia do ditador. A coincidência faz os dois serem confundidos. O filme é principalmente uma paródia sobre Hitler e o nazismo, mas ataca também Mussolini e o fascismo. Com inteligência, Chaplin reveza o humor com tristes imagens de um gueto aterrorizado por tropas inimigas.
“Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Desejamos viver para a felicidade do próximo, não para seu infortúnio. Por que havemos de odiar e desprezar uns aos outros?
Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover a todas as nossas necessidades. O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos.
A cobiça envenenou a alma dos homens… levantou no mundo as muralhas do ódio… e tem-nos feito marchar a passo de ganso. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina que produz abundância, tem-nos deixado em penúria.
Nossos conhecimentos fizeram-nos cépticos; nossa inteligência, empedernidos. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais que de inteligência, de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.
A aviação e o rádio aproximaram-nos muito mais. A natureza dessas coisas é um apelo à bondade do homem, um apelo à fraternidade universal.
Neste mesmo instante, minha voz chega a milhares de pessoas, milhões de desesperados, homens, mulheres, criancinhas… vítimas de um sistema que tortura seres humanos e encarcera inocentes.
Aos que me podem ouvir eu digo: não desespereis! A desgraça que tem caído sobre nós é o produto da cobiça em agonia, da amargura de homens que temem o avanço do progresso humano. Os homens que odeiam desaparecerão, os ditadores sucumbem e o poder que do povo arrebataram retornará ao povo. E assim, enquanto morrem homens, a liberdade nunca perecerá.
Soldados! Não vos entregueis a esses brutais que vos desprezam,que vos escravizam, que ditam os vossos atos, vossas idéias, vossos sentimentos! Que vos tratam como gado humano, e vos utilizam como bucha de canhão. Não vos entregueis a esses desnaturados. Esses homens com mentes e almas de máquina!
Não sois máquina! Homens é que sois!
E com o amor da humanidade em vossas almas!
Não odieis! Só odeiam os que não se fazem amar…
Soldados! Não batalheis pela escravidão! Lutai pela liberdade!
Em São Lucas está escrito: ”o Reino de Deus está dentro do homem.” Não de um só homem ou de um grupo de homens, mas dos homens todos!
Vós, o povo, tendes o poder, o poder de criar máquinas, de criar felicidade!
Tendes o poder de tornar esta vida livre e bela… de fazê-la uma aventura maravilhosa.
Portanto, em nome da democracia, usemos desse poder, unamo-nos todos nós.
Lutemos por um mundo novo, um mundo bom que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à mocidade e segurança à velhice. É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao poder.
Mas, só mistificam! Não cumprem o que prometem. Os ditadores liberam-se, porém escravizam o povo. Lutemos todos para cumprir estas promessas. Lutemos para libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e à prepotência.
Lutemos por um mundo de razão, em que a ciência e o progresso conduzam à ventura de todos nós.
Soldados! Em nome da democracia, unamo-nos!
Hannah… estás me ouvindo?
Onde te encontrares, levanta os olhos!
O sol vai rompendo as nuvens que se dispersam!
Estamos saindo da treva para a luz!
Vamos entrando num mundo novo, um mundo melhor, em que os homens
estarão acima da cobiça, do ódio e da brutalidade.
Ergue os olhos Hannah! A alma do homem ganhou asas e afinal começa a voar.
Voa para o arco-íris, para a luz da esperança, para o futuro, o futuro glorioso que te pertence, que pertence a mim, a todos nós!
Ergue os olhos Hannah!
Hannah, ouviste?
Ouçam…”
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Legenda em português
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