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326 – O nascimento de uma nação (The birth of a nation) – EUA (1915)

Direção: D.W. Griffith
Roteiro: Thomas Dixon Jr.; Franl Woods; D.W. Griffith
Dois irmãos da família Stoneman visitam os Cameron em Piedmont, Carolina do Sul. Esta amizade é afetada com a Guerra Civil, pois os Cameron se alistam no exército Confederado enquanto os Stoneman se unem às forças da União. São retratadas as conseqüências da guerra na vida destas duas famílias e as conexões com os principiais acontecimentos históricos, como o crescimento da Guerra da Secessão, o assassinato de Lincoln e o nascimento da Ku Klux Klan.
Esse clássico de Griffith também poderia ter sido chamado de “O nascimento de uma nação racista e violenta”.
Ao contar a história dos Estados Unidos, sobretudo no período transitório entre o escravismo e a abolição, o diretor deixa transparecer a sua perspectiva e modo de enxergar e interpretar as coisas, sendo assumidamente um lado aristocrático e racista.
No entanto, antes que se levante a bandeira anti-racismo e condene esse filme, é mais interessante compreender a sua importância, sobre dois aspectos.
O primeiro é cinematográfico. O nascimento de uma nação estará eternamente cravado na filmografia mundial. Ele é considerado o primeiro épico do cinema e, sem dúvida, deu uma grande contribuição à indústria cinematográfica. Indústria essa que hoje produz filmes capazes de libertar o indivíduo da ignorância que alimenta o racismo. Paradoxos da vida!
O outro aspecto relevante é que a obra de Griffith permite conhecermos um modo de pensar que explica certas atitudes. Confesso que eu enxergava a Ku-Klux-Klan como um bando de lunáticos apenas movidos por sentimentos racistas. Mas, não. Não são apenas sentimentos que movem a KKK, mas existe uma razão política e sociológica por trás – e que o filme de Griffith retrata. Ou seja, há um modo de pensar que faz com que políticas racistas sejam implantadas.
Políticas essas que eu abomino. No entanto, entender a lógica de tais movimentos é importantíssimo para a sociedade, pois a compreensão histórica e contextual permite que não repitamos os mesmos erros e nem nos deixe cair na armadilha de tomar certas decisões políticas que nada mais são do que reprodução de velhos discursos racistas. Todas elas com sua lógica e argumentação, mas que não deixam de serem racistas, elitistas e, sobretudo, egoístas.
Em outras palavras: quantos argumentos anti-cotas de gente que se auto-considera “não racista” (e que talvez seja mesmo), não são justamente argumentos que se valem de uma lógica semelhante aos defendido por Griffith e pela KKK? Não que quem seja contrário as cotas seja necessariamente racista ou fascista. No entanto, alguns argumentos coincidem, como a idéia de que políticas de reparação são meros privilégios e, portanto, devem ser abolidos.
Então, se tem algo importante para absorver desse filme, é compreender o modo de pensar deles, para que a gente abra a nossa mente e não repita a mesma lógica racista. Pois o que está na tela não é só sentimento, é lógica também. Só que com uma premissa que eu, particularmente, condeno. Mas que muitas dessas premissas são usadas por nossa sociedade ainda hoje, sem que as pessoas se dêem conta.

E a violência é conseqüência disso tudo.
E como rir é preciso, taí uma possível reunião de fundação do Ku-Klux-Klan.

Sugestão: E o vento levou…

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