318 – Cão come cão (Perro come perro) – Colômbia (2008)

Direção: Carlos Moreno

Roteiro: Carlos Moreno; Alonso Torres

El Orejon é um chefão violento e agorafóbico que vive rodeado de telescópios num apartamento luxuoso no centro de Cali, na Colômbia. Quando seu afilhado é assassinado, ele pede a uma feiticeira de vodu para vingá-lo jogando uma maldição mortal no atirador, Eusebio. Longe dali, Victor é contratado pelo chefão para cobrar dinheiro de dois gêmeos que tentam adiar o pagamento.

Um excelente filme de ação, com a crueldade do narcotráfico colombiano e a identidade do cinema latino-americano.

Cão come cão tem uma história interessante, ainda que partindo de um argumento comum nesse gênero. Sua originalidade, no entanto, é percebida no ótimo trabalho de direção.

A estética do filme foi trabalhada com minúcia. Sua paleta de cores traz um diferencial, o jogo de câmeras é muito bem feito e as metáforas com os “cães” enriquecem a narrativa.

O clima tenso do filme também é equilibrado com elementos da cultura colombiana, como suas paisagens urbanas e, sobretudo, pelo desenvolvimento paralelo de um acontecimento regido pela perspectiva religiosa. A personagem da “preta véia” insere na história um cunho religioso, algo que no Brasil se aproximaria da Umbanda, e que reforça a identidade cultural presente neste filme colombiano. No entanto, faltou amarrar melhor esse acontecimento, o que deixa o roteiro um pouco enfraquecido.

O trabalho de montagem também é muito bem elaborado e ganha destaque principalmente na seqüência final, com cortes precisos e um jogo de planos e fade out que finaliza a história com preciosismo, à altura do que foi delicadamente elaborado durante todo o filme, sob o rigor técnico do diretor Carlos Moreno.

Sem dúvida, Cão come cão enriquece ainda mais o cada vez melhor cinema latino-americano.