298 – Capitalismo: uma história de amor (Capitalism: a love story) – EUA (2009)
Direção: Michael Moore
Roteiro: Michael Moore
“Dessa vez é pessoal!” Esse é o slogan deste documentário do polêmico diretor Michael Moore, no qual tenta explorar as causas fundamentais do desmantelamento econômico global recente. Sem deixar de lado a ironia e a comicidade, Moore foca seu olhar para as manobras políticas e corporativas que culminaram naquilo que o diretor descreve como “o maior roubo na história do país”.
Esse talvez tenha sido o filme mais digamos “sentimental” de Michael Moore.
Na sua primeira metade há um forte apelo dramático, que torna o documentário carente de informação e preso a sentimentalismos baratos, como filmar filhos chorando a morte da mãe, com uma musiquinha triste ao fundo. Até mesmo a religião foi usada de forma apelativa. Particularmente, acho que nessa primeira hora inicial, pouca coisa se salvou, exceto a apresentação do caso dos jovens presidiários devido a um esquema nefasto e a bem feita analogia entre a sociedade atual e a do império romano.
Já na segunda metade, o filme passa a ter elementos que sempre consagraram Moore. Daí em diante, são apresentadas denúncias, entrevistas com especialistas e políticos, além das “palhaçadas” de Moore, que são tão divertidas quanto coerentes.
E, por fim, o diretor transforma o filme em uma espécie de manifesto e apelo. Ele convoca os conterrâneos a se juntarem a ele nessa luta contra os grandes bancos e executivos de Wall Street e em defesa de uma sociedade mais justa, igualitária e, sobretudo, democrática.
Coincidentemente, vi esse filme no mesmo dia em que Obama foi reeleito. O presidente estadunidense é um dos personagens de Moore e nele o diretor deposita uma grande expectativa.
Para a possível frustração de Morre, Obama não resolveu os problemas que o diretor apontava, nem conseguiu implementar as políticas populares que ele tanto desejava. Bem verdade, Obama não foi tão imbecil quanto Bush, e ainda reduziu o ímpeto imperialista dos Estados Unidos, pautados em guerras e em cooptação de presidentes terceiromundistas. Pelo contrário, Obama se mostrou uma pessoa com boas intenções. Só que pouco adianta ter boas intenções, se não tem o poder.
Obama mostrou ao mundo que o presidente dos Estados Unidos não é o homem mais poderoso do planeta, como sempre aprendemos. Na verdade, anos de liberalismo e de capitalismo tornaram os banqueiros e investidores – ou seja, os donos do capital – os verdadeiros donos do mundo e, conseqüentemente, os que ditam as regras da sociedade. Obama até pode ter tentado, mas há pouca coisa que ele possa fazer sem o aval dos reais donos da grana.
Agora, o reeleito Obama terá mais quatro anos para dizer para que veio.
Até lá, continuamos em um sistema que permite que 2% das pessoas possuam a riqueza equivalente as da metade do planeta. Que um terço desses mais ricos se concentre nos Estados Unidos. Que 10% dos estadunidenses mais ricos possuam 70% da riqueza dos EUA. Que 1% dos brasileiros mais ricos possuam o mesmo que 50% dos mais pobres somados.
Mas, quem sabe, como levemente profetiza Moore, as revoltas nos países árabes, Grécia, Espanha e até mesmo nos Estados Unidos, não indiquem o surgimento de uma nova era.
Minha Nota: 7,7
IMDB: 7,4
ePipoca: 6,2
Sugestão: Trabalho interno
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