228 – Entre segredos e mentiras (All good things) – Estados Unidos (2010)

Direção: Andrew Jarecki

Roteiro: Marcus Hinchev; Marc Smerling

Ambientado nos anos de 1980, a história fala de um rico rapaz de Nova York que se apaixona por uma garota fora de seu círculo social. Mas o conto de fadas acaba quando a jovem simplesmente desaparece, sem deixar pistas aparentes. É quando surge um detetive disposto a descobrir o que de fato ocorreu, tendo em vista que todos aqueles envolvidos no caso acabaram morrendo.

Além das possíveis análises a serem feitas sobre o filme, em si, me chamou a atenção o aspecto ético.

Se tratando de uma história baseada em um caso verídico, fui pesquisar na internet sobre a veracidade dos fatos e descobri que não há uma sentença definitiva e o julgamento segue em andamento.

É aí que entra o aspecto ético.

Uma vez que o filme mostra a história de um personagem e o coloca como um articulador de assassinados, sujando as mãos em alguns crimes e em outros atuando apenas como mentor. E sendo, inclusive, colocado como o assassino de sua própria esposa, o filme já dá o seu veredito.

No entanto, descobri que David Marks continua livre, jamais foi condenado pelo suposto assassinado de sua esposa, o julgamento continua em aberto e o caso um mistério.

Sendo verdade que, por ele ser o filho de um empresário milionário e politicamente influente, as chances dele sair impune aumentam. No entanto, fazer o filme como Entre Segredos e Mentiras, privilegiando a versão das testemunhas de acusação, é uma forma de se tentar fazer justiça com as próprias mãos. Algo, inclusive, contraditório com a postura que o próprio diretor Andrew Jarecki utilizou quando fez Na captura dos Friedmans, onde ele atuou de uma forma muito mais imparcial e com uma postura ética exemplar.

Talvez seja por essas e outras que muitos dizem que, com o material coletado para o roteiro desse filme, ele poderia ter feito novamente um documentário, em vez dessa ficção.