214 – Donnie Darko (Donnie Darko) – Estados Unidos (2001)
Direção: Richard Kelly
Roteiro: Richard Kelly
Donnie Darko é um adolescente que está à beira da loucura, devido a visões constantes de um coelho monstruoso, que tenta mantê-lo sob a sua sinistra influência. Donnie luta contra os seus demônios, literal e figurativamente, numa intriga de histórias entrelaçadas que jogam com as viagens no tempo, gurus fundamentalistas, predestinação e os desígnios do universo.
Imediatamente após ver o filme, foi inevitável entrar no google. Ao digitar “donnie darko não ent”, a ferramenta já tratou de completar a frase. Foi aí que eu me senti aliviado ao perceber que eu não era o único a não entender, de imediato, o filme. Aliás, quem conseguiu é que deve ter sido o único.
No entanto, mesmo sem entender, o filme já vale à pena. Prende o espectador da primeira à última cena. Faz ele pensar, especular, duvidar. Fica na cabeça de qualquer um durante o dia inteiro. Isso, por si só, já é um grande trunfo de qualquer obra cinematográfica.
Lendo aqui e ali, raciocinando enquanto lavo a louça, estendo a roupa, como quem fica com uma charada na cabeça, finalmente pude chegar a algumas conclusões e suposições.
Abaixo, descrevo a minha interpretação sobre o filme. Portanto, se você não viu, não leia. Pois, contarei o filme inteiro e provavelmente você não irá querer mais ver, ou verá com sua interpretação influenciada. E, como este é um filme que merece ser visto, NÃO LEIA.
No meu entender, todo o filme não passou de uma visão do futuro de Donnie. Tal destino pode ter aparecido por uma obra divina, uma brecha na física quântica ou uma simples esquizofrenia. Fato é que Donnie, na noite em que a turbina do avião caiu em sua casa, teve tal visão.
Daí, a grande “moral da história” gira em torno de uma citação, logo no começo do filme, na aula de inglês, onde Donnie diz “destruição é uma forma de criação”. O que se vê durante a história é que as destruições que ocorrem acabam reproduzindo um fator positivo, novo. Quando a escola é inundada, as aulas são suspensas e por esse motivo Donnie tem oportunidade de conversar com Gretchen, sua futura namorada. Quando a casa é queimada, o instrutor de auto-ajuda acaba sendo descoberto, por pedofilia. E é justamente nos momentos mais “destrutivos” que o relacionamento entre Donnie e Gretchen evolui: quando ela é hostilizada na sala de aula e sai transtornada, acontece o primeiro beijo entre o casal; e quando a mãe dela some e ela procura Donnie, é que ocorre a primeira transa.
Apesar de todos esses fatos, o futuro reserva uma série de fatalidades às pessoas próximas a Donnie: seus pais e irmã morrem em um acidente aéreo; seus questionamentos na escola contribuem para a demissão da professora de inglês; a gordinha se torna cada vez mais introspectiva, escondendo a sua paixão por Donnie; e Frank é assassinado, justamente por ter matado, acidentalmente, Gretchen. Eis, aí, o fim do mundo. Não era o fim do mundo, com a extinção do planeta. Mas, o fim do mundo de Donnie, que se resumia a Gretchen, única capaz de não deixar Donnie sentir-se sozinho. E quem estava lá no momento de sua morte? O homem fantasiado de coelho.
Então, mesmo tendo a oportunidade de prever a queda da turbina e, portanto, a possibilidade de se salvar, o drible no futuro resultaria em tragédias às pessoas ao seu redor.
É por isso que, em seu último ato, Donnie dá um sorriso consciente e, como o seu cachorro, opta por ceder ao seu destino e morrer sozinho, para não causar danos aos seus queridos, sobretudo a Gretchen. É um gesto altruísta. Um gesto que custa caro: a sua própria morte. Uma tragédia, mas que dela surge a criação e a continuidade do futuro das pessoas que ele ama. Para Donnie o mundo acaba, mas para os outros ele continua.
Quem já viu e teve outra interpretação, por favor, compartilhe aqui com a gente!
Minha Nota: 8,8
IMDB: 8,2
ePipoca: 6,6
Sugestão: Melancolia
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