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212 – A Última Noite (25th Hour) – Estados Unidos (2002)

Direção: Spike Lee
Roteiro: David Benioff
Rapaz condenado a sete anos de prisão por tráfico de drogas passa o último dia em liberdade ao lado da namorada e dois amigos.
É sempre bom ver como uma história simples pode se tornar um filme original, graças ao toque especial do seu diretor.
Spike Lee, com seu jogo de câmeras, faz cada seqüência ter um significado a mais. As repetições do mesmo quadro em frações de segundo dão um sacode no espectador, tornando a cena de um simples abraço algo muito mais significativo – porque, de fato, na narrativa, o abraço não é tão simples e tal recurso utilizado pelo diretor faz com que a estética adotada contribua com a importância do gesto na cena, o valorize.
Mas, há algo de muito interessante nas opções de Spike Lee. Ele sempre surpreende ao utilizar personagens com características condenáveis, para falar justamente o oposto do que ele queria dizer.
Como assim, Bial?
Por exemplo, qual a opção mais provável para se falar de racismo na periferia estadunidense? Ora, utilizar atores brancos, com comportamentos racistas. Mas, em Faça a Coisa Certa, ele faz o oposto. Coloca os próprios negros como personagens preconceituosos e violentos que, após uma série de acontecimentos, vai revelar a complexidade em que tal grupo está inserido, e o quanto a ignorância e o preconceito pode partir de qualquer indivíduo que é submetido a guetos e isolamentos sociais.
Em A Última Noite, há uma certa aproximação a essa estratégia, que humaniza os personagens e relativiza conflitos normalmente marcados por um maniqueísmo que define as pessoas entre “boas e más”, “opressoras e oprimidas”. O protagonista, Monty, é um traficante barato, que em sua fúria íntima manda negros, homossexuais, paquistaneses, italianos e Bin Laden se foderem. E, mesmo assim, o espectador ainda torce por ele, até os 47 do segundo tempo.
Ao humanizá-lo, Spike Lee permite que o seu público estadunidense se identifique com o personagem. Quantos, em seu íntimo ou em pensamentos não desejaram mandar o pobre taxista paquistanês se foder, como se ele fosse a representação do terror que pouco tempo antes derrubou duas torres no centro de Nova York?! O quanto esse sentimento fascista não contaminou os Estados Unidos, após o 11 de Setembro – acontecimento que Spike Lee pega, sutilmente, uma carona. E, no entanto, o personagem não é mau. Ou pode até ser, mas ainda assim ele é capaz de despertar sentimentos de complacência, estima e indulgência no espectador.
Por tudo isso e mais um pouco (personagens, cachorro, atores, planos, narrativa, etc…) A Última Noite é um dos melhores filmes de Spike Lee.
E a seqüência do espelho e a final, com o pai, são simplesmente geniais.

Minha nota: 8,5
IMDB:  7,8
ePipoca: 8,4
Sugestão: O Profissional

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