208 – Os Esquecidos (Los Olvidados) – México (1950)

Direção: Luis Buñuel

Roteiro: Luis Buñuel; Luis Alcoriza

Retrata o cotidiano de um grupo de jovens delinqüentes, entre eles Jaibo, recém fugido do reformatório, e Pedro, um garoto rejeitado pela mãe que acaba se envolvendo em um assassinato.

México, 1950.

“Este filme é baseado na vida real e seus personagens são autênticos.

As grandes cidades modernas, Nova Iorque, Paris, Londres, escondem, sob sua riqueza, lares miseráveis onde crianças subnutridas, sem saúde, sem escola, estão sentenciadas ao crime. A Sociedade tenta achar uma solução, mas o sucesso deste esforço é muito limitado. Só num futuro próximo poderão ser reivindicados os direitos da criança e do adolescente.

Cidade do México, grande cidade, não é exceção para a regra. Esse filme mostra a vida real. Não é otimista. A solução para esse problema é deixado às forças do progresso social.

Não esqueça os outros!”

Desde 1990, o Brasil possui o seu ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente.

No entanto, não param de surgir novos Esquecidos, Capitães da Areia, Pixotes, Sandros…

Eles estão em todos os cantos das cidades, por mais que seja indigesto aos adultos. E para tentar solucionar aquilo que não se quer ver, a sociedade costuma optar pelo caminho mais fácil da anulação: prenda-os, mate-os.

Não é à toa, que a pauta sobre a redução da maioridade penal ainda é mais discutida, do que as políticas a serem feitas para garantir que as crianças e adolescentes tenham um futuro com escolhas e não impulsionadas ao mundo do crime. Talvez chegue o dia em que reivindiquem encarcerar menores de 10 anos. Do jeito que a coisa anda, não duvido.

Recorrendo a uma fala de Ônibus 174: “Nós não queremos ver essa realidade. Nós não podemos suportar essa realidade. Então, a invisibilidade é, afinal, reconquistada, pela produção policial da invisibilidade; da anulação que a morte gera”.

E assim, enquanto a sociedade pensa em como anular esses “Esquecidos”, novos “NiñosIncomodos” surgem. No México. No Brasil…