206 – Memória do saqueio (Memoria del saqueo) – Argentina (2004)
Direção: Fernando Solanas
Roteiro: Fernando Solanas
Uma das economias mais prósperas e liberais do mundo, a Argentina das duas últimas décadas beirou a ruína. Este documentário analisa a crise argentina que explodiu em 2001 e dos protestos que se seguiram.
Argentina, Outubro 2001:
“O governo da Aliança é derrotado nas eleições legislativas. O presidente De La Rua recusa-se em mudar a política cambial. Em 2 anos de gestão, suas promessas de centro esquerda são trocadas pelo programa do FMI, uma continuidade do Governo de Carlos Menem.
A recessão aumenta. Milhões de pobres e desempregados. Enorme fuga de capitais. Os bancos bloqueiam as contas. Se agrava a crise.
Depois de muitos anos que o país parecia desaparecido diante da apatia, estoura a insurreição. A revolta espontânea dos “ninguém”, que fazendo soar suas panelas, se rebelavam pelos bairros, e ocupavam as cidades, as instituições e os bancos.”
“Filhos da puta!”
“Não estamos mais na ditadura! Entende?”
“Bando de idiotas!”
“Macacos com armas!”
“Quem está lhes dando ordens? É capaz de matar uma mulher? É capaz de matar o povo só por que te deram ordens?”
“A dívida contemporânea se inicia de forma ilegítima com a ditadura militar. Apesar da Justiça demonstrar sua origem fraudulenta, a pressão do “Establishment” foi mais forte. Desde então, serviria para condicionar Governos e reduzir o patrimônio público.”
“Derrota americana no Vietnã. Conservadores retornam ao poder. Crise e alta nos preços. Excedente mundial de dólares. Bancos oferecendo créditos a 3%. Nasce a dívida do 3º Mundo. As taxas de juros sobem para os 16%. Os países endividados quebram.”
“Somos os “levanta mãos”, conseqüentes e comedidos. Votamos com os olhos fechados no que manda o partido. Somos os “levanta-mãos”, legislamos com o esquecimento. E os eleitores traímos, apesar de servi-los”
“Não somente os políticos, temos que incluir os jornalistas, os meios de comunicação. Até quando vamos agüentar tanta estupidez? Instrumentos extraordinários como a Tv e o rádio nas mãos de idiotas, gerando uma nação de idiotas. Até quando?”
“Nada do que deva ser Estatal permanecerá nas mãos do Estado”
“As privatizações foram feitas na medida dos interesses da corporações. A pátria “contratista” financiou todas as campanhas eleitorais, todos os governos, todos os golpes de Estado, e realizaram todas as grandes obras públicas. Nenhum outro setor gozou de tantos privilégios”
“Não se conhece um país que tenha entregado seu gás e seu petróleo sem haver perdido uma guerra. Tem que se pensar que foi uma verdadeira traição a uma país de uma classe dirigente. México, Brasil e Venezuela não privatizaram em absoluto o seu petróleo.”
“A Petrobrás avaliou a ‘Gas del Estado’ em 25 bilhões de dólares. Nós, com a avaliação dos consultores internacionais, a vendemos por 2,5 bilhões de dólares. 10 vezes menos.”
“Onde está o dinheiro que foi roubado? Carlos Menem, seu cunhado Emir Yoma, Cavallo e outros envolvidos, no caso do contrabando de armas, seriam presos. Mas a Suprema Corte os deixaria em liberdade.”
“O modelo neo-liberal terminou num hecatombe. Os responsáveis não puderam vender tudo o que desejavam”.
“Menem e De la Rúa também não puderam impor a saída repressiva, nem calar os protestos contra o silêncio diante dos crimes mafiosos ou de encomenda, nem frear a permanente ação das mães, avós e filhos dos “desaparecidos”. Foram impedidos por uma nova história: a de milhares de lutas e mobilizações de resistência, de movimentos sociais desenvolvidos durante a década. Organizações territoriais, “piqueteiros”, refeitórios e associações de bairro, ocupações de terra e assentamentos, a Grande Passeata Federal e centenas de outras. Os contínuos protestos dos aposentados, as mulheres rurais em lutas, estudantes e clientes de bancos, comerciantes e artistas… culminaram nessa passeata espontânea de dezembro de 2001, que como no “17 de outubro” (1945) ou no “Cordobazo” (1969), mudariam a história argentina.”
Minha Nota: 7,3
IMDB: 7,7
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