159 – Na captura dos Friedmans (Capturing the Friedmans) – EUA (2003)
Direção: Andrew Jarecki
Roteiro: Andrew Jarecki
Documentário sobre Arnold Friedman e seu filho Jesse, de 19 anos, que em 1987 na cidade de Long Island foram presos sob a acusação de estupro e sodomia por alguns meninos que tinham aulas de computação no porão da casa deles. Grande Prêmio do Júri no Sundance Film Festival/2003.
O título é Na Captura dos Friedmans, mas bem que poderia se chamar A Fantástica Viagem à Psique Humana.
A partir de um roteiro que consegue ser investigativo e manter um suspense, mesmo quando o assunto é baseado no real e, portanto, já teve o seu veredicto, o diretor apresenta ao espectador informações que impressionam pela surpreendente capacidade da mente humana.
Na tentativa de permitir que cada um contasse sua versão, o diretor acaba por manter uma certa neutralidade e deixa o espectador confuso, sem saber “quem está mentindo”. No final de tudo, é que se dá conta de como o conceito de “mentir” pode ser relativo.
Já que não dá para entrar na mente de Arnold Friedman, o que resta é se apegar na sua história de vida. A sua relação com a mãe na infância e o que isso desencadeou nele e no seu irmão, sob o ponto de vista sexual, permite que o espectador se aproxime dos distúrbios que moldaram o seu comportamento. Não justifica, mas intriga pelo impacto psíquico.
Igualmente impactante é o comportamento das supostas vítimas. É impressionante perceber a possibilidade do ser humano ser refém de sua própria mente, onde as lembranças podem simplesmente desaparecer, devido a um trauma, ou como elas podem ser recuperadas ou simplesmente induzidas, forjadas ou sob o efeito de hipnose, e aceitas como real, como algo que realmente aconteceu, mesmo que ninguém consiga provar, nem o próprio “dono da lembrança”.
Também não deixa de ser interessante o comportamento da polícia, cujo psicológico interferiu diretamente nas investigações, gerando resultados contestáveis. Isso tudo sem falar na reação dos filhos, extremamente convincentes, mas ao mesmo tempo insanas. Dolorosamente insanas, resultado de um turbilhão que sacudiu as suas mentes e também gerou um desequilíbrio entre o que foi real e o que não foi, o que era verdade e o que era mentira, o que eles acreditavam ou que se forçaram a acreditar.
Na Captura dos Friedmans é um filme interessante, sobretudo sob o ponto de vista psicológico, psiquiátrico e policial.
Isso tudo, contanto com o privilégio de ter como complemento às filmagens do diretor, as imagens capturadas pelos próprios Friedmans, no íntimo de sua prisão domiciliar. Tais imagens valem ouro para um documentário e ajudaram bastante para retratar o desequilíbrio e o desmoronamento dessa família, que durante anos foi construída sobre pilares de ilusão, perversão e mentira.
Minha Nota: 7,8
IMDB: 7,9
ePipoca: –
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