144 – Trabalho Interno (Inside Job) – Estados Unidos (2010)
Direção: Charles Ferguson
Roteiro: Chad Beck; Adam Bolt; Charles Ferguson
Primeiro documentário a elaborar uma análise profunda sobre o colapso financeiro de proporções globais, ocorrido em 2008, resultando em um prejuízo de U$ 20 trilhões, a perda de emprego de milhões de pessoas no mundo inteiro e a pior recessão dos Estados Unidos desde 1929.
Um resumo da ópera:
Bancos negociavam hipotecas para os indivíduos. No entanto, em determinado momento, os bancos passaram a usar esse negócio dentro do mercado financeiro, comercializando títulos para grupos investidores. Ou seja, os bancos captavam recursos de investidores e aplicavam no comércio das hipotecas. Dessa forma, o indivíduo, para adquirir uma casa, negociava a hipoteca com o banco, portanto, pagava mensalmente a parcela para ele. O banco, por sua vez, retirava a sua comissão e repassava o restante para os investidores (os reais donos do dinheiro). Logo, quanto mais venda de hipoteca, mais comissão para os bancos e seus principais corretores. Sendo assim, o que os bancos fizeram: estimularam a comercialização imobiliária.
Como se deu tal comercialização? Com baixíssimo critério, o que, portanto, elevava o risco do empréstimo. Pouco importava se o comprador tinha um emprego seguro, uma poupança ou demais garantias para quitar sua dívida a médio e longo prazo. Mas por que os bancos emprestariam dinheiro, via hipoteca, para alguém que não ofereceria garantias de que iria pagar? Ora, porque o dinheiro não era deles (dos bancos), era dos investidores. Portanto, já que o dinheiro não era do banco, pouco importava se o comprador iria pagar. Sendo assim, quanto mais hipotecas comercializassem, melhor, já que isso significaria milhões em comissões aos funcionários e bilhões na receita dos bancos.
Ora, mas porque os investidores topavam entrar nesse esquema de altíssimo risco? Porque eles não sabiam que o esquema era de altíssimo risco. Fraudes em documentos, manobras contábeis e, sobretudo, uma boa classificação dada pelas 3 maiores agências ofereciam tranquilidade para os investidores. Mas, por que as agências de classificação davam boas notas para as transações que estavam sendo feitas no mercado de hipotecas? Porque eles eram muito bem remunerados para dar as melhores notas, obviamente.
E a sociedade não notou nada de errado? Alguns, sim. Mas, os principais acadêmicos e analistas insistiam em elogiar o sistema e atestar sobre sua eficácia. Por que eles fizeram isso? Talvez por incompetência intelectual, mas provavelmente as suas pomposas receitas com a prestação de consultoria para os bancos envolvidos justifique tal comportamento.
E o Estado, não fez nada? Fez. Ao longo de décadas desregulamentou boa parte desse mercado, o que facilitou que fraudes e operações de alto risco comprometessem todo o sistema financeiro. Mas por que eles fizeram isso? Por que o Governo é refém, cúmplice e parceiro do mercado financeiro. Wall Street ocupa a Casa Branca. Os principais chefes econômicos (Tesouro, Banco Central, Conselhos, etc.) são os mesmos envolvidos nas operações das grandes empresas e grupos de investimento. São eles que financiam suas campanhas e praticam lobby durante seus mandatos. O presidente dos Estados Unidos não é tão poderoso assim. Sem o crivo do sistema financeiro, nenhuma decisão substancial é tomada.
O resultado: muita gente não conseguiu pagar as hipotecas. O alto escalão dos bancos faturaram bilhões, inclusive os que tiveram seus bancos quebrados. Os bancos quebraram, seus donos e principais funcionários, não. E quem pagou a conta disso tudo? Os investidores, donos do capital aplicado, e a população, que viu seus impostos irem parar no resgate dos bancos falidos, na recessão da economia, no consequente desemprego e na diminuição dos investimentos estatais em serviços básicos, como a educação.
A crise se alastrou pelo mundo. Até hoje vemos a Europa em desespero. Por lá, houveram diferentes razões para a crise. O que permanece igual são os lucros bilionários do alto escalão do mercado financeiro. Que quebrem seus próprios bancos, a população, o país; a impunidade e o lucro deles está resguardado.
Minha nota: 7,3
IMDB: 8,2
ePipoca: 5,9
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