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112 – Capitães da Areia (idem) – Brasil (2011)

Direção: Cecília Amado; Guy Gonçalves
Roteiro: Hilton Lacerda; Cecília Amado
Na capital baiana, nos anos de 1930, menores abandonados que vivem nas ruas se unem para enfrentar suas dificuldades. Conhecidos como “Capitães da Areia”, os jovens são liderados por Pedro Bala, praticando assaltos pela cidade. Adaptação do romance escrito por Jorge Amado.
Decepcionante!
É uma pena ver um filme brasileiro, baiano, baseado em um dos melhores livros de Jorge Amado, ter uma adaptação para o cinema tão amadora. A diretora é amadora. O elenco, despreparado. A fotografia medíocre, se salvando em alguns momentos. O único que parece visivelmente profissional é Carlinhos Brown, com sua trilha sonora na medida.
Nem sei por onde começar…
O roteiro? Bem, o roteiro até se esforçou, mas não conseguiu fugir do fantasma que persegue o cineasta diante de uma adaptação literária. Existem os que ousam, chutam o pau do barraca da versão original e fazem um filme autêntico – isso, por si só, não garante um bom filme. E têm outros que tentar ser bem fiéis. Foi o caso de Capitães, que tentou botar livro demais no filme, que não suportou. Resultado: seqüencias desnecessárias, que quebravam o ritmo da história e afastava ainda mais o sentido do filme. Por exemplo, a seqüência do assalto à casa em que Sem Pernas morava. No livro, ela tinha uma importância muito grande, trazia um dilema pessoal do personagem. No filme, não dava tempo para explorar essa questão, mas, ao invés de cortá-la, preferiram botar assim mesmo. Só que no cinema, ela não colou.
Já a montagem, destruiu ainda mais o ritmo da coisa, sobretudo na primeira metade do filme. Ficou todo recortado, pedacinho por pedacinho, caco por caco. Faltou deixar a história correr rio abaixo. Imagino que o material bruto do filme deve ter deixado o montador e o diretor desesperados, mas isso não justifica a sua fragilidade técnica.
Já a interpretação… Ah, a interpretação! O ponto mais comentado pelos espectadores. De fato, foi constrangedor ver a exposição dos atores mirins. O elenco estava totalmente despreparado, com raríssimas exceções. O pior de tudo é que nem todos eles são ruins, como aparentam. Muito pelo contrário! Tem gente ali muito boa, que hoje já cresceu e atua muito bem. Alguns formados no CRIA, a exemplo de Macarrão, e que tem tudo pra decolar no teatro e no cinema. Mas em Capitães ou foram sub-aproveitados, ou tiveram suas fraquezas excessivamente expostas. Não sei se foi culpa da preparação do elenco, da direção ou da própria limitação técnica dos atores, na época. Não sei que merda foi, mas ficou feio. Faltou naturalidade, verdade. E isso, aliado ao roteiro e à montagem, resultou em filme muito artificial.
A Bahia merece mais. Reconheço e valorizo a superação dos produtores e artistas envolvidos, em superar todas as dificuldades econômicas impostas e fazer um filme muito bem produzido, com bons equipamentos e qualidade na imagem. Mas o lado humano pesou. Às vezes, o tiro sai pela culatra.
Vida longa ao cinema baiano! Vida longa às obras de Jorge Amado!


Minha nota: 6,0
IMDB:  6,3
ePipoca: 5,2
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