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65 – Kuduro – Fogo no Museke (idem) – Angola (2007)

Direção: Jorge António
Roteiro: Jorge António; Mário Rui Silva
Kuduro é a segunda parte de uma trilogia que o autor dedica à música angolana, iniciada em 2005 com Angola – Histórias da Música Popular. A partir das questões “o que é kuduro? Por que este nome? Por que tanta polêmica?, Jorge António oferece-nos um retrato social e cultural de uma nova geração, através de um gênero musical que ultrapassou fronteiras e se tornou já um fenômeno internacional.
Assisti Kuduro, coincidentemente na mesma semana em que Salvador e a Bahia aprovaram as leis que proibiam o “Dj do Buzu” e a lei “Anti-Baixaria”. E foi muito curioso ver o quanto nós, soteropolitanos, somos tão próximos dos nossos irmãos angolanos. Salvador e Luanda se parecem, não só geograficamente e pelo seu processo de urbanização, que está mudando a cara da cidade, mas pelo processo cultural.

Luanda e Salvador não ficaram ilesos das conseqüências capitalista e industrial, que trazem consigo a desigualdade social e a criação de espaços urbanos distintos: o centro e a periferia. Ou “gueto”, como estão chamando atualmente, ressuscitando e reinterpretando o termo. Espaços diferentes, pessoas diferentes; produção cultural diferente. Diferente entre o centro e a periferia, mas muito parecida entre a periferia de Luanda e a periferia de Salvador.

Na capital baiana, vivemos uma eterna polêmica sobre o pagodão. Já vivemos tempos áureos, onde Oz Bambaz, Pagod´art, Selakuatro, Nossa Juventude e outros não tão pagodes assim, como Harmonia do Samba e o imortal GeraSamba, iluminavam toda a cidade, com sua musicalidade animada, letras engraçadas e de duplo sentido e, sobretudo, por ser a cereja que faltava na combinação: sol e cerveja.

Pagode vai, pagode vem, o fato é que vivemos uma nova fase no gênero. As letras de duplo sentido foram substituídas por letras de um único sentido: estímulo à violência e, sobretudo do sexo, da forma mais instintiva e primitiva possível. A dança, sempre coreografada, deu lugar à simulação de sexo ao vivo. O resultado: “polêmica”, como bem diria Luciana Gimenez.

A discussão é sempre válida. Tanto aqui, quanto em Luanda. Seja sobre o pagode, ou sobre o kuduro. O que essas músicas acrescentam para a sociedade? São prejudiciais, por deteriorar a moral e, ao mesmo tempo, ser irresponsável e inconseqüente, ao não levar em conta que seus respectivos países sofrem com os altos índices de contaminação por HIV, além dos diversos problemas sociais, como a violência contra a mulher, os índices de criminalidade e, sobretudo, pela inércia política da população, que permite que os políticos façam o que querem, enquanto ficam anestesiados por pão e circo. Ou todo esse discurso seria, simplesmente, fruto de uma elite social e intelectual, que sempre meteu o pau (sem duplo sentido) nas manifestações culturais produzidas fora do centro, como já ocorreu com o samba, com a capoeira, com o sertanejo e, hoje, com o pagode e o kuduro?

Kuduro, ainda que tecnicamente seja muito fraco, tem como principal virtude, o conteúdo trazido e por revelar um pouco do processo cultural angolano. Além disso, permite que nós, brasileiros, possamos olhar para nós mesmos e refletir um pouco sobre o que estamos fazendo com a nossa cultura.

Sugiro esse texto, do blog Pitacos do Manuca, um pouco de pagode baiano: BlackStyle e de Kuduro: Noite e Dia.
Minha nota: 5,8
IMDB:  –
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